As obras da usina nuclear de Angra 3, iniciadas há 39 anos, estão prestes a ser retomadas com a expectativa de conclusão no segundo semestre de 2025. Este projeto ambicioso, que visa aumentar a capacidade de geração de energia elétrica do Brasil, enfrenta desafios financeiros e administrativos desde sua concepção.
Histórico das Obras de Angra 3
A construção da usina nuclear de Angra 3 começou em 1981, no contexto de um plano governamental para expandir a matriz energética brasileira. No entanto, as obras foram interrompidas em 1984 devido a problemas financeiros e falta de recursos. Após uma retomada em 2010, novas paralisações ocorreram em 2015, novamente por questões financeiras e suspeitas de corrupção.
Em 2022, um novo consórcio foi selecionado para dar continuidade às obras, mas a falta de qualificação técnica levou à rescisão do contrato em junho de 2024. Atualmente, o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo Leite, anunciou que a expectativa é que as obras sejam reiniciadas com uma nova licitação internacional em dezembro de 2024.
O Estado Atual da Construção
Atualmente, cerca de 67% das intervenções na usina já estão concluídas. Isso inclui a construção de galpões e outras instalações essenciais. Mais de 12 mil equipamentos necessários para a produção de energia elétrica já foram adquiridos, representando aproximadamente 80% do total necessário para o funcionamento da usina.
Entretanto, os custos com a manutenção desses materiais são exorbitantes. A Eletronuclear gasta cerca de R$ 220 milhões anualmente apenas para manter a obra paralisada. Esses gastos incluem R$ 100 milhões com a preservação dos equipamentos e R$ 120 milhões com salários dos funcionários envolvidos no projeto.
Implicações Financeiras e Futuro da Usina
O custo total para concluir as obras da usina nuclear de Angra 3 está estimado em R$ 23 bilhões. O presidente Leite afirmou que, se tudo correr conforme o planejado, a usina poderá estar operando entre o final de 2030 e o início de 2031. A usina terá uma capacidade instalada de 1.405 megawatts, suficiente para atender até 4,5 milhões de pessoas anualmente.
Além disso, Angra 3 representará cerca de 3% da produção elétrica total do Brasil e atenderá a aproximadamente 60% do consumo do estado do Rio de Janeiro. Essa expansão é crucial para garantir uma matriz energética diversificada e sustentável no país.
A Meta Ambiciosa do Brasil até 2050
A retomada das obras em Angra 3 ocorre em um momento em que o Brasil busca aumentar sua capacidade nuclear como parte do Plano Nacional de Energia (PNE) até 2050. O objetivo é implementar cerca de 14 gigawatts adicionais na matriz elétrica brasileira nos próximos anos.
Para que essa meta seja alcançada, será fundamental estabelecer parcerias entre o setor público e privado. O presidente da Eletronuclear enfatiza que o sucesso desse plano depende da criação de um novo marco regulatório que permita a entrada de investidores internacionais no setor nuclear brasileiro.
Conclusão
A retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 é um passo significativo para o futuro energético do Brasil. Com uma capacidade significativa para atender à demanda crescente por energia elétrica e contribuir para uma matriz energética mais limpa e diversificada, Angra 3 pode se tornar um modelo para futuros projetos nucleares no país.No entanto, os desafios financeiros e administrativos ainda precisam ser superados para garantir que as promessas feitas se tornem realidade. A colaboração entre governo e iniciativa privada será essencial para transformar essa ambição em uma realidade concreta até 2050.Com isso, Angra 3 não só representa uma oportunidade única para o Brasil em termos energéticos, mas também um desafio que exigirá comprometimento e inovação por parte dos envolvidos na sua construção e operação.