A Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo, anunciou a contratação de um novo diretor de relações institucionais, com o objetivo de melhorar sua relação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A escolha recaiu sobre o jornalista Kennedy Alencar, um veterano da cobertura política em Brasília e São Paulo, com fortes laços com o Partido dos Trabalhadores (PT) e bom trânsito com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e lideranças do Centrão.
Essa movimentação faz parte de uma série de mudanças que o novo CEO da Vale, Gustavo Pimenta, pretende implementar para apaziguar as relações entre a empresa e o governo federal, que se deterioraram nos últimos meses. Isso se deve, em grande parte, à tentativa frustrada do presidente Lula de impor a contratação de seu ex-ministro Guido Mantega para o conselho da mineradora, o que enfrentou resistência de alguns acionistas, como o fundador da Cosan, Rubens Ometto.
A contratação de Kennedy Alencar é vista como uma jogada estratégica da Vale para melhorar sua imagem e fortalecer seus canais de comunicação com o governo Lula. Alencar, que é diretor institucional e conselheiro editorial da Rede TV!, comentarista do programa “É Notícia” e colunista do UOL, possui uma relação de proximidade com o presidente e uma boa interlocução com o PT, além de ter bom trânsito com ministros do STF e líderes do Centrão.
Essa movimentação também envolve a reestruturação da área de relações institucionais da Vale, que antes ficava subordinada ao vice-presidente jurídico da empresa e agora será diretamente ligada ao novo CEO, Gustavo Pimenta. Essa mudança organizacional sugere que a mineradora está dando uma ênfase especial a essa frente de relacionamento com o governo.
O contexto em que essa mudança ocorre é relevante, pois a relação entre a Vale e o governo federal vem passando por altos e baixos nos últimos anos. Durante o governo Bolsonaro, a empresa enfrentou críticas e pressões devido a desastres ambientais, como o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, que resultou em dezenas de mortes e um enorme dano ambiental.
Agora, com a chegada de Lula ao poder, a Vale busca reparar essa imagem desgastada e construir uma relação mais harmoniosa com o novo governo. A contratação de Kennedy Alencar é vista como um passo importante nessa direção, pois o jornalista possui uma extensa rede de contatos e boa reputação entre os principais atores políticos do país.
Além disso, a reestruturação da área de relações institucionais, agora diretamente ligada ao CEO, demonstra que a Vale está priorizando essa frente estratégica. Ao centralizar essa função sob o comando do principal executivo da empresa, a mineradora sinaliza que a melhoria do relacionamento com o governo federal é uma de suas principais metas no curto e médio prazo.
Em resumo, a contratação de Kennedy Alencar e a reestruturação da área de relações institucionais da Vale são movimentos estratégicos da empresa para tentar reparar sua imagem e melhorar sua interlocução com o governo Lula. Essa é uma questão relevante para o mercado financeiro, uma vez que a relação entre a mineradora e o Palácio do Planalto pode ter impactos significativos nos negócios e no desempenho da companhia.
FONTE: O GLOBO